Padaria ajuda a matar a fome a crianças desnutridas

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Padaria ajuda a matar a fome a crianças desnutridas

Padaria ajuda a matar a fome a crianças desnutridas

A construção de uma padaria nos arredores de Kinshasa, na República Democrática do Congo, serviu para atenuar a desnutrição crónica a milhares de menores e para ajudar algumas famílias a melhorarem o seu rendimento

por Francisco Pedro (Fátima Missionária)

30/03/2015

Num país onde o salário mensal de um professor primário não ultrapassa os 88 euros, onde a maioria da população vive apenas com o rendimento de uma pessoa, onde a taxa de desemprego é elevada e as famílias são, por norma, numerosas, sobram os casos de desnutrição infantil e de fome crónica. Ao Dispensário Mater Dei, instalado pelos Missionários da Consolata nos arredores de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC), chegam todos os dias 20 a 30 crianças desnutridas, um número que, apesar de ser preocupante, está longe de traduzir a dura realidade, pois as mães têm vergonha de recorrer ao centro nutricional e muitos menores continuam a crescer sem acesso a uma dieta equilibrada.

Há quem sobreviva apenas com uma refeição diária de arroz – a carne é quase um exclusivo das grandes festas – ou com o pão da manhã, fabricado com farinha de mandioca e de milho, temperado com óleo de palma. Às mesas das famílias mais pobres raramente chega a fruta e a que é adquirida nos mercados, com exceção da pouca que é embalada, está exposta a todos os tipos de contaminação.

Para inverter esta situação, sobretudo nos bairros de Kimbondo, Sans Fil, Telecom e Mbenseke, onde vivem perto de 28 mil pessoas, os missionários desenvolveram um projeto para construção de uma pequena padaria, com capacidade para produzir diariamente 3.000 pães, com qualidade nutritiva e respeito pelas regras de higiene.

Dado que o clima local não é favorável ao cultivo de trigo, o cereal é importado, permitindo assim aos cinco trabalhadores contratados a produção de pão com mais calorias e a preço controlado. Os pães são depois vendidos nos bairros por três dezenas de mulheres, recrutadas nas comunidades paroquiais. Cada uma tem direito a 100 unidades e beneficia de uma percentagem nas vendas, que as vai ajudar a compor o magro orçamento familiar.

«A cidade de Kinshasa tem dez milhões de habitantes e a produção e fornecimento de pão não é suficiente, especialmente para os bairros mais distantes do centro. É por isso que a mini-padaria irá contribuir para melhorar a alimentação até agora insuficiente das nossas comunidades», explicam os missionários envolvidos no projeto.