por Yuri Abreu (Tribuna da Bahia)
13/03/2015
Depois do aumento da conta de luz e da gasolina, agora será a vez do tradicional pãozinho francês sofrer acréscimo em seu preço. Para o brasileiro, o alimento é indispensável, principalmente no café da manhã. Mas, se o consumidor que quiser manter o hábito, no entanto, deve preparar o bolso, já que o pão deve sofrer reajuste, em alguns pontos de venda, de pouco mais de 12% daqui a menos de um mês. O valor do quilo pode chegar a quase R$ 15.
No mês de fevereiro, algumas panificadoras já haviam aumentado o preço do produto, entre 6% e 10%. Porém, este acréscimo não havia sido repassado aos consumidores. Dono da padaria Degustar, que fica no bairro das Sete Portas, Crispiniano Barbosa, diz que, com as altas de alguns itens, ficará impossível segurar os atuais preços. “Na verdade, o aumento já era pra ter sido repassado antes. Com a crise que estamos passando, acaba afetando tudo. Até tive que demitir funcionários”, revelou.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria da Cidade do Salvador e dono de delicatessen, Deli&Cia, que fica no bairro da Graça, Mário Pithon, os principais vilões desse aumento, são, entre outros, a farinha, a energia, e a mão de obra. “Só com pessoal, tivemos um aumento, no mês de janeiro, de 6,26%. A energia, de 5%, com perspectiva de um reajuste ainda maior em maio. A farinha também aumentou cerca de R$ 4 por saca. Ou seja, com a atual situação, não temos como manter os preços”, analisou.
Segundo estatísticas, o Brasil consome mais de 12 milhões de toneladas de trigo por ano. O problema é que mais de metade desse quantitativo vem de fora do país, principalmente da Argentina. Além disso, o custo aos produtores varia, com o aumento sendo de acordo a cotação do dólar, que hoje está na casa dos R$ 3,12. O país sempre precisou importar trigo para atender a demanda interna. Para se ter uma ideia, o trigo representa 75% dos custos de produção da farinha, os outros 25% são mão de obra, sacaria, energia e transporte.
Por conta de todos esses reajustes, Barbosa teme a queda nas vendas do pãozinho francês junto ao consumidor. “Infelizmente, acabamos ficando preocupados. Acho que teremos uma queda, nas próximas semanas, em torno de 15% a 20%. Por conta disso, talvez tenha que realizar mais demissões para poder fechar as contas”, lamentou. Segundo Pithon, o mercado brasileiro já havia registrado uma retração de 5% na venda destes produtos. “E com esse agravamento da crise nacional, a situação só tende a piorar”, salientou.
Quilo será vendido por até R$ 15 nas padarias
Na padaria Degustar, o quilo do pão francês custa, atualmente, R$ 7,99. Com o novo reajuste, o preço deve subir para R$ 9. “E ainda tem locais que, com certeza, vão aumentar para R$ 10 ou R$ 11”, adicionou. Já na delicatessen Bonjour, que fica na Pituba, o preço do alimento é vendido a R$ 13, o quilo. O gerente da loja, Daniel de Jesus, diz que só sabe da possibilidade do aumento por conta do burburinho entre os clientes.
“Oficialmente, ainda não sabemos de nada. Às vezes são os nossos consumidores que chegam aqui e perguntam se o produto aumentou ou não. Mas, caso ele venha a subir, não terá jeito. Vamos ter que repassar aos clientes”, disse. Segundo ele, os principais vilões desse acréscimo são os combustíveis e a energia. “Precisamos utilizar bastante o nosso forno para assar os pães. Se vai subir de um lado, acaba que vai subir do outro”, relatou. A aposentada, Maria Ribeiro, não gostou muito de saber da notícia de mais um aumento. “O cinto já está apertado e agora vamos ter que apertá-lo mais ainda. A solução é desperdiçar menos e buscar alternativas ao pão de cada dia”, contou.
O presidente do Sindicato não disse de quanto seria o aumento, especificamente, mas deixou claro que ele deve ficar por conta dos próprios donos dos estabelecimentos. “Acho que um reajuste de 12,5% já é exagerado. Ou ele tinha o preço muito retraído ou não sabia distribuir o aumento de custo nos diferentes produtos da sua loja. Mas o consumidor tem que ficar atento por que, já no mês de abril, o preço deve subir”, alertou.
Alternativas
Para quem pensa em economizar e, ao mesmo tempo, substituir o pãozinho na dieta, algumas opções podem ajudar o consumidor a ter mesma energia alimentando-se de outros itens como aipim e batata doce. “São alimentos que tem uma boa reserva de energia e uma grande fonte de carboidratos, vitaminas, minerais, cálcio e fósforo. Em relação a batata doce, ela tem até um baixo índice glicêmico, podendo ser consumido até por diabéticos. Além disso, trazem uma sensação de saciedade”, disse a nutricionista Anavalda Oliveira.
Ela também destacou outras alternativas como o inhame e a banana da terra, no grupo de alimentos saudáveis. “O primeiro serve como depurativo do sangue, ou seja, ajuda a eliminar as impurezas do organismo. Já o segundo, é uma boa fonte de energia, fibras e potássio, ajudando a diminuir o colesterol”, contou. No entanto, para quem, mesmo com esse aumento nos preços, não vai abrir mão de ter o pão francês no café da manhã, uma boa notícia. “Ele também é uma grande fonte de energia, por conta dos carboidratos, o que ajuda no metabolismo e na glicose, mas desde que seja consumida com moderação”, relatou Anavalda.