25/06/12
Empreender é uma maratona continuada, que exige entrega intensa ao longo de anos ou décadas, exigindo a cada instante tomada de decisão, positiva ou negativa, que pode igualmente alavancar ou prejudicar o negócio.
Talvez por não saber equilibrar o “não” com o “sim” sua empresa ainda patine, mesmo depois de você ter pesquisado profundamente seu nicho de mercado e ter economizado o suficiente para lançar o novo negócio.
O desequilíbrio entre as decisões que o façam avançar e as que são necessárias para interromper procedimentos que já se comprovam falhos começa a afetar suas expectativas de ganhos, percebidas por dívidas pendentes e falta de capital para o impulso que o confirmará no mercado.
Como equilibrar suas decisões?
Segundo o livro “Little Bets” (Pequenas Apostas), de Peter Sims, uma das maneiras mais pró-ativas de garimpar decisões criativas da empresa ou do seu empreendedor é realizar de maneira continuada “pequenas apostas”. Elas devem ser seguidas, explica o autor, de ações concretas e monitoramento continuado para descobrir, testar e desenvolver ideias que se provem realizáveis e lucrativas.
Se realizar pequenas apostas é um excelente estímulo para se buscar novos parâmetros e estágios do seu empreendimento, por outro lado, se você não aprender, simultaneamente, a gerenciar com os devidos “nãos” os impulsos criativos que você mesmo estimula, pode atolar sua empresa em ruídos insuportáveis, que minarão sua capacidade de discernimento e gerenciamento.
Mesmo as boas apostas podem emergir num momento em que sua empresa esteja necessitando de toda a concentração para finalizar um projeto para garantir aquele grande salto no seu empreendimento. Nesse caso, um “não” que terá o efeito de hibernar o projeto poderá poupar energias, ampliar sua eficiência sem afetar seu posicionamento futuro.
A hora de optar por um “sim” ou por um “não”
Ou você conversa demoradamente com seu mentor ou consultor ou, como imensa maioria dos novos empreendedores, tenta buscar conhecimento disponível em diversos compêndios de gerenciamento.
Como é o caso do livro “The Art of Project Management” (A Arte do Gerenciamento de Projeto), de Scott Berkun, que vincula as decisões negativas, por exemplo, ao novo que temporariamente ainda não se encaixa nas atividades em andamento.
Para evitar que um “não” se transforme eternamente numa culpa gerencial ao ver a oportunidade aproveitada pela concorrência, o empreendedor tem que a todo momento realizar ajustes finos e reavaliações nas suas estratégias até se convencer, a partir de resultados concretos que se reflitam no aumento continuado de sua lucratividade e ampliação de sua participação no mercado, que aquele “não” foi uma decisão acertada.
Um bom exercício resgatado da experiência de líderes que deram certo e dos manuais que nos legam é exercitar, desde o início de seu negócio, a se manter focado nos seus objetivos estratégicos. Seja num projeto de longo prazo ou numa reunião de dez minutos com seus parceiros ou clientes.
Gerenciar uma empresa, que abre suas portas hoje ou está no mercado há décadas, é comparável a se deslocar sempre numa rede de segurança apoiada em vários indicadores que têm a ver com o aquecimento do mercado, com novas tecnologias, com o talento das pessoas que você consegue vincular ao projeto, com a lucratividade do empreendimento ou com o crédito disponível.
Caminhar nessa rede instável exige concentração a cada passo que pode ser uma reunião de dez minutos. E, nesse caso, qualquer desatenção ou perda de foco pode levá-lo a dar um passo em falso e colocar em risco o seu caminhar para um objetivo que vislumbra à frente.
Por isso, a necessidade de você alimentar suas decisões de “sim” ou “não”, a partir de uma perspectiva ampliada que deve ser mantida continuadamente no seu foco, é, claro, uma situação dificílima que exige a habilidade de se concentrar no detalhe e ao mesmo tempo se manter antenado com as tendências a ponto de ser capaz de antecipar seus efeitos no seu dia-a-dia.
Sem relaxar, jamais
Isso pode transformar o empreendedor numa pessoa sempre antenada, tensa e intensa. Sem sábados, domingos, momentos de lazer até que o novo negócio decole. Isso pode consumir, às vezes, anos de vida entregue a uma agenda intensa, a pesquisas, aprendizado, troca de ideias e “pequenas apostas”.
Por isso, muitas pessoas que pretendem abrir seu próprio negócio desistem depois de dois ou três anos. Percebem-se, ainda, despreparadas para a maratona de uma nova realidade que, apesar de oferecer liberdade de decisão e premiar nossa autoestima ao nos colocar à frente e no controle de nossas próprias rendas, também exigem uma entrega absoluta. Onde cada contato tem que ter princípio, meio e fim, com um objetivo definido desde o momento em que o colocamos na agenda.
Delegar e monitorar
Uma das saídas encontradas pelos empreendedores mais sábios (e que conseguem assim apostar na empresa sem acumular um enfarte) é delegar tarefas e monitorar, também continuamente, o que diminui a tensão continuada mas que continua a exigir capacidade de comando e interferências com “sim” ou com “não” que sejam bem claros na sua formulação.
Ou seja, evite aprovar ou desaprovar uma nova etapa do projeto se não estiver plenamente convicto. E sempre que possível, seja didático ao se expressar. De maneira sucinta, mostre suas razões, sem, claro as colocar novamente em discussão. Pois caberá a você, dono do projeto, da empresa e da ideia base que realimenta seu empreendimento, a responsabilidade final. Para o bem ou para o mal.
Fonte: Portal Uol Economia