Se você deseja entender o funcionamento de seu negócio e detectar problemas que estão ocorrendo dentro da sua empresa, e ter a chance de identificá-los e revertê-los, vale muito a pena cuidar do custo de mercadoria vendida, ou simplesmente CMV.
No dia a dia das padarias ele é uma das principais dúvidas dos empresários de panificação. O cuidado com o CMV aponta as quebras nos processos, responsáveis pelos resultados insatisfatórios de rentabilidade. Por exemplo, identifica desperdícios na produção, desvio de produtos ou dinheiro, preço de custo defasado ou compras mal planejadas.
Mas como acontece o controle do CMV?
O cálculo e o gerenciamento do CMV dependem de duas modalidades do índice: o CMV Previsto e o CMV Realizado.
Vejamos cada um deles.
CMV Previsto
O CMV Previsto representa a composição do faturamento e reflete a média dos mark ups utilizados em cada departamento, projetando o índice previsto.
CMV Realizado
O CMV Realizado é o estoque inicial (apurado pelo inventário); a entrada de produtos (apurada pelo diário econômico); e estoque final, apurado pelo inventário do fim do período. Seu valor é definido a partir do cálculo:
CMV Realizado = Estoque inicial + Entrada de produtos a preço de custo – Estoque final
E a diferença de CMV?
Apurado o CMV previsto e o realizado, temos o que era esperado e o que de fato ocorreu. Na maioria das vezes, esses índices não são iguais. E justamente o que faltou para que o realizado fosse igual ao previsto é a diferença de CMV.
É esse o número que aponta as quebras no processo de produção, venda de produtos e movimentação dos recursos financeiros. Determina o volume de falhas nos processos e aponta o que está sendo perdido em faturamento, ao longo do caminho.
Para analisar a diferença CMV é importante considerar os seguintes valores:
CMV Ideal
Para empresas com venda direta ao consumidor, o CMV Ideal deve ser de 28% a 30% na produção própria. Para produtos de revenda, o ideal é o CMV entre 68% a 70%. Já para empresas que trabalham por atacado, o CMV ideal deve ser de 45% para produção própria. Portanto, a diferença considerada aceitável entre o CMV Previsto e o Realizado é de até 2% da venda bruta para revenda, e no máximo 3% da venda bruta para produção própria.
Da mesma forma, em relação ao faturamento total, a diferença entre o CMV Previsto e Realizado não pode ultrapassar 2%. Entende-se como faturamento total a soma dos produtos de revenda e da produção. Quando há desequilíbrio nos resultados obtidos, o CMV pode ser:
CMV acima do previsto
Significa que o consumo de matéria-prima e as perdas são maiores do que o planejado. Tal resultado pode indicar:
CMV muito abaixo do previsto
Um índice assim não é considerado normal, devido ao custo de matéria-prima e das perdas. Se ocorrer, pode significar que a empresa está vendendo produtos a preços muito altos, acima do indicado. Uma das causas seria um mark up superior ao definido para o departamento. Outros motivos podem ser eventuais erros de lançamento no sistema, a apuração incorreta dos dados, ou ainda uma bonificação de produtos não contabilizada, entre outras possibilidades.
A diferença de CMV pode ter origem em diversos processos desenvolvidos dentro do negócio. Em geral, é possível analisar os seguintes problemas:
Como resolver a diferença de CMV?
A solução para a diferença de CMV acima ou abaixo do esperado está no controle dos processos que ocorrem diariamente. Ao acompanhar os resultados, é possível identificar erros e implementar soluções.
Sabe-se que entre as quebras mais comuns que geram diferença entre o CMV previsto e realizado, segundo pesquisas, estão:
Resolvendo a diferença de CMV na produção própria
É necessário implantar controles internos para acompanhar todos os processos, a fim de minimizar as perdas e os prejuízos que irão afetar o CMV Ideal. Os erros na área de produção própria são compreendidos principalmente pela diferença entre a receita do produto e o que é produzido pelos profissionais.
Entram também erros nos processos, como queima de produtos ou manipulação inadequada, insumos vencidos, desvios de matéria-prima e produtos.
O processo de compras é um dos mais sensíveis dentro da produção. É preciso gerenciar a aquisição da matéria-prima, observando e controlando as datas de validade e formas de armazenamento, regularmente. Também é essencial estar ciente do que comprar, quando e quanto comprar. Essas medidas são necessárias para evitar perdas.
Outro processo que pede atenção redobrada é a pré-pesagem. O setor tem grande interferência na supervisão de desperdícios. Ao assumir o controle sobre essa área, dever ser possível perceber quando há perda de matéria-prima, sobras ou desvios de produtos.
Resolvendo a diferença de CMV nos produtos de revenda
No setor de revenda (tal qual no setor de produção), o mais importante para garantir o CMV Ideal é confirmar se o mark up está calculado corretamente. É preciso rever os mark ups praticados nos produtos, e sempre checar se houve aumento no preço de produtos por parte dos fornecedores que não foram contabilizados pela empresa.
Além disso, controlar o recebimento das compras e monitorar corretamente o estoque, tanto inicial quanto final, é importante para evitar desvios de mercadoria. O acompanhamento dos processos pode identificar quebras relacionadas aos itens na loja, por exemplo: furtos, acerto incorreto ou desvios de dinheiro do caixa, e armazenamento inadequado dos produtos dentro do estoque e/ou na loja.
Agora, mãos a obra!
Vamos lá! Depois de ver o que é o CMV e como cuidar para que esse índice não lhe cause problemas no dia a dia, não deixe de monitora-lo!
E lembre-se que esse cuidado começa com as compras corretas, o recebimento dos insumos e seu armazenamento apropriado, o uso racional da matéria-prima, com a redução das perdas e desperdícios. Ou seja, a boa gestão faz com que o resultado melhore e o controle do CMV é arma fundamental nesse processo!