Padaria vende 1.200 x-saladas por dia a R$ 2

Panificação oferta 44 mil postos e fatura R$ 700 milhões
maio 21, 2013
Franquia de padaria drive-thru quer abrir 60 unidades este ano
junho 21, 2013

Padaria vende 1.200 x-saladas por dia a R$ 2

Padaria vende 1.200 x-saladas por dia a R$ 2

 

Rui Manuel Rodrigues Gonçalves, 54, é um português típico, daqueles que parecem existir em qualquer cidade brasileira. Original mesmo só sua padoca, a Portugália, na Vila Andrade (zona sul).

 

O carro-chefe é um desafio à concorrência: o x-salada do seu Rui custa R$ 2 -menos de um quinto do preço cobrado em algumas das principais panificadoras da cidade. Nas redondezas, é conhecido como “Fome Zero” ou “Mata Leão”. “O sujeito come quatro, vai para casa e apaga de barriga estufada”, explica.

Rui Manuel vende, todos os dias, a média de 1.200 desses lanches. O recorde foi em 2009, na inauguração da estação Vila das Belezas, da linha 5-lilás, ali ao lado: exatos 3.205 x-saladas evaporaram entre as 6h e as 23h, segundo os registros do caixa.

Velho desbravador da indústria da panificação, o português já foi dono de 32 padarias em São Paulo (“cheguei a ter 12 simultaneamente”) e tornou-se vice-presidente do sindicato da classe. Há 12 anos, criou o conceito do x-salada mais barato do que coxinha (na sua própria loja, o salgado custa R$ 2,40).

 

“Vendemos a esse preço para disseminar a cultura de que pão alimenta”, afirma.

Ele reconhece que o prato não é exatamente uma taça de iogurte com granola. “Mas tem salada! E ajuda a substituir o vício das crianças por salgadinhos industrializados, que fazem muito mal e são até mais caros.”

Vem Todo Mundo

A Portugália se situa numa esquina da avenida Giovanni Gronchi (uma das principais artérias do Morumbi) com a entrada da favela do Pullman (não é ironia: a comunidade surgiu junto a uma antiga fábrica da marca de pães). A clientela, de acordo com o dono, é “eclética”.

Passam por ali motoboys, dondocas do Morumbi, alunos da rede municipal, o ex-prefeito Paulo Maluf e o senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), aposentados da Vila Andrade e até Geraldo Alckmin acompanhado da primeira-dama paulista, dona Lu.

O governador de São Paulo, que consumiu um café, aproveitou a oportunidade para agradar os funcionários. “Ele deu gorjetas de R$ 10 pro pessoal, foi uma festa”, diz seu Rui. Não há registro de que ele tenha encarado o “Fome Zero”.

O panificador afirma que, além do senador Antônio Carlos, “que sempre come o x-salada”, os políticos só aparecem em época de eleição.

Exemplos vivos são os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, que deram as caras quando buscavam eleitores na região vizinha do Capão Redondo, mas não consumiram nada. “Agora só falta a Dilma”, afirma o portuga.