Mercado, produtividade, tributação atraem o público no Congrepan

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Mercado, produtividade, tributação atraem o público no Congrepan

Mercado, produtividade, tributação atraem o público no Congrepan

por Renato Faria

31/08/2015

Sala lotada, com pessoas em pé e participativas. Foi esse o clima do Seminário de Tecnologia e Inovação, realizado pelo convênio ABIP/ITPC/SEBRAE dentro do 30º Congresso Brasileiro de Panificação e Confeitaria (Congrepan), realizado nos dias 27 e 28 de agosto, na Costa do Sauípe, no litoral norte da Bahia. No evento foram apresentados alguns trabalhos desenvolvidos pelo convênio, como a pesquisa sobre a qualidade do pão francês no Brasil, o impacto da tributação na Panificação e Confeitaria e o Painel de Mercado do setor.

Somados os dois dias do evento, mais de 200 pessoas passaram pelas Capitanias Santana e Bahia onde aconteceram as palestras. No primeiro dia, as cerca de 120 cadeiras foram pouco para acomodar o público que ficou de pé para acompanhar a apresentação do Painel de Mercado da Panificação e Confeitaria. O presidente do ITPC, Márcio Rodrigues, trouxe informações atualizadas do setor, focando o comportamento do consumidor, tendências de mercado, tecnologia, inovação e ainda trazendo pontos de alerta e oportunidades dentro do setor.

A repercussão desse primeiro dia foi tão grande que a segunda etapa, no dia seguinte, foi transferida para a Capitania Bahia, auditório principal do congresso. Nesta apresentação, Rodrigues trouxe informações sobre o impacto da tributação na Panificação e Confeitaria e também sobre o atual estágio de produtividade no setor.Os números mostraram que a tributação tem grande influência no resultado das empresas de panificação e que, independente do modelo tributário adotado (Simples, Lucro Real ou Lucro Presumido), o impacto sobre o faturamento é muito grande, acima de 10%.

Rodrigues mostrou o estudo realizado com empresas de diferentes portes que são enquadradas nesses diferentes modelos tributários e quanto cada um deles exige da empresa. O que se viu como conclusão do estudo é que as panificadoras precisam aumentar a eficiência para conseguirem arcar com toda a carga de impostos e encargos. O especialista ainda destacou que as organizações podem fazer isso trabalhando para manter os custos variáveis em 48% (a média atual é de 65%, portanto, é necessário uma redução de 26%), gerando um resultado de 12%. “O Simples é uma forma de desburocratização, mas não significa que o empresário pagará menos tributos”, concluiu.

A gestora do convênio e analista da Unidade de Atendimento Setorial Indústria do Sebrae Nacional, Maria Regina Diniz, apresentou um resumo das ações desenvolvidas pelo convênio. Elaapresentou a abrangência do trabalho e sua preocupação com a qualidade, produtividade e sustentabilidade, aspectos que se complementam ao tema do congresso, que era de “Inovação, qualidade, congelamento e rentabilidade: o futuro da Panificação”.

Produtividade

A análise da tributação veio precedida da apresentação sobre o estágio atual de produtividade no setor. O convênio ABIP/ITPC/SEBRAE realizou um diagnóstico com 250 empresas de todo o país, mapeando de forma qualitativa e quantitativa os processos realizados pelas padarias e confeitarias, de forma a mensurar os pontos críticos no desenvolvimento das ações diárias que tornam a produtividade menor. Conforme os dados apurados, a média de faturamento está 16,73% abaixo que o potencial, o tíquete médio do setor é 18,07% menor que o ideal. Esses fatores geram um resultado operacional 35,24% menor que o necessário. As empresas precisam investir em capacitação, melhoria de processos para que consigam reverter esse quadro.

Ainda dentro do diagnóstico, a análise de processos (quantitativa) reuniu 37 atividades desenvolvidas nas áreas administrativo/financeira, gestão de pessoas, processo produtivo, atendimento ao cliente e mercado, mostrando as principais atividades que merecem atenção do empresário para melhorar a produtividade. A média geral de realização foi de 47%, sendo que as áreas de gestão de pessoas e mercado foram as que tiveram menor média, 36% e 39%, respectivamente, o que certamente influencia no faturamento abaixo do esperado.

Para auxiliar no desenvolvimento das empresas, o convênio ABIP/ITPC/SEBRAE desenvolveu uma metodologia de intervenção para aumento de produtividade, enfocando justamente estes pontos críticos. Esse material será disponibilizado aos Sebrae/UF, depois de um piloto em 50 empresas, a serem definidas pelo convênio.

Qualidade do pão tipo francês

Ainda dentro da programação do evento, Márcio Rodrigues apresentou o resultado da pesquisa sobre a qualidade do pão francês realizada pelo convênio ABIP/ITPC/SEBRAE. Nove estados já foram contemplados pela pesquisa que analisa amostras de pão francês de acordo com os requisitos da norma ABNT NBR 16170: MG, SP, DF, MT, MS, ES, RN, RJ, SC. A apuração indicou que a metade das 720 empresas pesquisadas tem um pão na categoria “regular”. A média de atendimento aos critérios da norma do pão francês é de 47,42%, indicando a necessidade de evolução no processo produtivo.

Essa pesquisa subsidiará a criação de um modelo de intervenção nas empresas para adequação da produção aos requisitos de qualidade da norma, fazendo com que a qualidade do pão evolua no país. Após a conclusão da pesquisa, que contemplará 12 estados, será realizado um piloto dessa intervenção em 50 empresas para validação da metodologia e posterior repasse aos Sebrae/UF.