por Igor Marques
Na noite desta quarta-feira (10), na sede da Amipão, em Belo Horizonte, aconteceu o Seminário da Qualidade do Pão Francês. O evento realizado pelo convênio entre o Instituto Tecnológico de Panificação e Confeitaria (ITPC), a Associação Brasileira da Indústria da Panificação (ABIP) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) contou com a presença de cerca de 90 representantes de padarias e do setor de alimentação da capital mineira. A ação teve como objetivo revelar as caraterísticas dos produtos vendidos e mostrar as empresas como uma melhora na qualidade do produto pode ajudar a alavancar suas vendas.
“O objetivo principal da ação é ajudar as padarias a venderem mais pão. Dentro do Convênio ABIP, ITPC e Sebrae buscamos introduzir no mercado que a qualidade dos produtos faz a diferença. A ideia é pararmos para fazer uma reflexão e ver se estamos atentos a este produto. Nós não melhoramos aquilo que não olhamos de frente, aquilo que não medimos. A panificação tem uma grande capacidade de se reinventar, mas para isso temos que ter um momento de análise e é isso que trouxemos”, explicou o presidente do ITPC, Márcio Rodrigues, durante sua apresentação.
Para a realização do estudo, tomou-se como base a Norma Técnica NBR 16170:2013, da ABNT, que determina diretrizes para avaliação da qualidade e classificação do pão francês.Com a norma indicando o estado final desejado do produto, a análise saiu da percepção subjetiva, que impera no setor, e contou com critérios objetivos para definir o que é um pão de qualidade.
Metodologia
Foram pesquisadas 180 padarias de todas as regiões de Belo Horizonte. Durante uma semana,o pão foi comprado nos turnos da manhã e da tarde para a realização de estudos. As pessoas que fizeram as avaliações não sabiam de quais padarias eram os pães. A norma da ABNT define 13 quesitos para avaliação. As amostras receberam notas de 0 a 10 para cada quesito, observando as faltas leves e graves, conforme previsto na norma. Ao final, foi realizado um laudo personalizado para cada padaria pesquisada com fotos dos pães e uma explicação do resultado.
Os principais destaques na pesquisa foram a Padaria Belvepão, localizada no bairro Belvedere, a Padaria Gran Vitória, do Mangabeiras, e a Pedro Padeiro, que fica no Santa Tereza. Elas atingiram mais de 90 pontos na sua avaliação e receberam certificados pela boa regularidade na fabricação do pão tipo francês.
“Tenho quase 30 anos de padaria e esse reconhecimento é muito importante. Nossa clientela está sempre presente, nos avaliando todos os dias e continuam conosco com o passar dos anos. Temos o máximo de carinho em fazer o melhor produto, com os melhores insumos, mesmo que sejam um pouco mais caros, para preservar a qualidade. Estamos sempre pesquisando, chamando a atenção dos padeiros para o batimento da massa, o momento de fazer o cozimento e renovando o pão. Essa é a nossa intenção e a nossa preocupação”, afirmou o padeiro e proprietário da Pedro Padeiro, Irani Magalhães.
Outro que comemorou o resultado de sua empresa foi Luciano Magalhães, da Padaria Gran Vitória. “Em nossa padaria, pedimos a equipe para estar fazendo fazer sempre o melhor possível. Esse reconhecimento é muito gratificante. Atingir esse nível de excelência nos motiva a estar sempre inovando para tentar manter essa marca e melhorar a empresa para os clientes”.
Para o proprietário da Belvepão, Marcus Tadeu Guilherme, os cuidados que tem com seu produto permitiram atingir esse nível de qualidade. “Tenho quinze anos de padaria, mas não sou do ramo. Eu e minha esposa somos dentistas. Por ser da área de saúde, de uma profissão muito minuciosa, sou muito detalhista. Vou usando esse grau de detalhamento na padaria, para ir aprimorando. Fui tentando, aprendendo. O nosso pão não é bom todo dia. Quando vejo que está ruim, sou chato. Reclamo para que possamos melhorar. Receber um reconhecimento desses, mostra que estamos no caminho certo”, disse.
Futuro
Com o resultado em mãos, as padarias terão um mecanismo para analisar seu produto e melhorá-lo. Durante sua fala, Rodrigues indicou várias formas de trabalhar a melhoria da qualidade do pão, começando com uma exigência maior do padeiro e demais profissionais e um maior cuidado na qualidade do produto. Além disso, o presidente do ITPC, em nome do convênio, indicou ações que serão realizadas que podem ajudar as empresas. “O convênio tem uma visão ampla, vamos desenvolver uma série de estudos e conhecimentos. Nós vamos fazer também encontros e workshops sobre a qualidade do pão e a norma da ABNT gratuitamente e convidaremos todas as padarias para participar. Receberemos do Sebrae o guia de implantação da norma e o disponibilizaremos sem custo para as empresas. Se a padaria quiser o apoio de um técnico, a ideia é fazer um SebraeTec para tentar ajudar”.
Em novembro de 2015 será feita uma nova pesquisa para avaliar a evolução da qualidade dos produtos. O presidente da Amipão, Tarcísio Moreira, acredita que este processo contínuo é essencial para uma melhoria constante. “Nós estamos num mundo que evolui todo dia e o cliente está cada vez mais exigente. Todos precisam pegar isso como um desafio. Se as padarias pesquisadas se aproveitarem do estudo, todos vão estar mais felizes na próxima edição porque estarão vendendo mais. E o cliente receberá o maior benefício. Tudo o que se promove dessa forma é bom para todos. Tenho certeza que ano que vem, quando fizermos a pesquisa novamente, vamos colher os frutos e Belo Horizonte vai estar à frente”.