04 de Abril de 2014
por Gustavo Gouvêa
Buscando atender, satisfazer e fidelizar clientes cada vez mais exigentes em questão de produtos e serviços, as tradicionais padarias e confeitarias, anteriormente responsáveis apenas pela fabricação e venda de pães fresquinhos, biscoitos, bolos e outras guloseimas em horários específicos do dia, passam por um profundo processo de mudança e adaptação às demandas da sociedade.
Os empresários do setor de panificação que querem ter um negócio duradouro precisam se adequar à nova realidade na qual padarias são verdadeiros centros de convivência, gastronomia e serviços. Nelas é possível tomar café da manhã, almoçar, lanchar e até jantar, tudo no sistema self-service e ao mesmo tempo assistir um jogo da ‘Champions League’ com um amigo no telão enquanto as crianças brincam no mini parquinho. Fica até difícil lembrar que você está em uma padaria.
“A padaria de hoje é um local não só onde encontra-se pão, mas sim entretenimento. O cliente pode fazer um lanche amplo, um café da manha bem montado. No almoço, um prato executivo ou self service. À tarde, um lanche; à noite caldos, pizza… É um local onde o cidadão pode se reunir não só para eventos de família mas também para fechar negócios, conversar sobre algo que interessa. Tudo isso em um ambiente aconchegante e climatizado”, disse o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Espírito Santo (Sindipães), Luiz Carlos Azevedo.
Segundo o ‘Estudo de Tendências: Perspectivas para a Panificação e Confeitaria 2009/2017’, realizado pelo Sebrae Nacional e em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip), as mudanças de comportamento, necessidades e preferências do consumidor é que ditam essa ‘nova onda’ das padarias e confeitarias no País e no mundo. De acordo com pesquisa do Ibope, 18% dos brasileiros que fazem as refeições fora de casa escolhem as padarias para tal.
A gestora de resultados do Instituto Tecnológico da Panificação e Confeitaria (ITPC), Patrícia Lorena Barbosa, explicou que, em suas compras, o consumidor procura fatores como praticidade, conveniência, bem-estar e qualidade o que levou as padarias a incorporar produtos e serviços oferecidos por restaurantes, lanchonetes e redes de fast-food. Adicionado a isto, o aumento no valor médio do tíquete refeição impulsionou o aumento do faturamento das novas padarias.
“O cliente busca cada vez mais comodidade tanto para comprar quanto consumir os produtos que compram. E com as padarias e confeitarias oferecendo maior variedade de serviços, a frequência de visitas tem aumentado, movimentando este ciclo de crescimento”, salientou a gestora.
O padrão é a demanda
Luiz Carlos Azevedo, que também é empresário do setor de panificação, disse que não existe um formato padrão para que as padarias ofereçam esses serviços. Entretanto, ele ressalta que é preciso que o proprietário esteja antenado nas demandas e sugestões dos clientes, que variam de acordo com a localidade.
“Cada um tem oferecido aquilo que enxerga mais agradável a interessante, e que seja algo que o cliente cobra. Uns buscam um lugar mais rústico, mais voltado ao artesanal. Outros já buscam design mais moderno, com TV de tela plana, cadeiras sofisticadas. As tendências são voltadas para o local onde está atuando”, disse o presidente do Sindipães. Ele é enfático ao afirmar que “quem não se adaptar, e optar pelo modelo de padaria tradicional, vai ficar para trás”.
Mercado aberto a novos empreendedores
Quem pretende iniciar uma padaria pode se preparar para trabalhar de manhã, de tarde e à noite. Mas, especialistas garantem que, quem estiver atento à execução do plano de negócios desde a montagem até a gestão do empreendimento, pode se dar muito bem, chegando a ter um lucro médio inicial de até 15% sobre os investimentos.
De acordo com o ITPC, no Espírito Santo existem em torno de duas mil padarias, que têm um faturando aproximado de R$ 2,22 bilhões, uma média de R$ 1,11 milhão por padaria. Em 2013, as padarias capixabas atenderam a cerca de 1,36 milhão de pessoas por dia, média de 680 pessoas por dia.
A gestora Patrícia Lorena ressalta que a empresa deve ser pensada a curto, médio e longo prazo, imaginando o aumento de produção, e que no início da carreira o empresário deve se ver como funcionário. Ela informa que os maiores gastos do empreendedor se dão com pessoal (33,84%) e com matéria prima (27%).
“Quando for calcular as previsões de custos e resultados o empresário deve-se incluir nas descrições, calculando suas horas de trabalho, pagamentos e outros, vendo isso como um investimento e não somente como custo”, afirmou Patrícia. E continuou: “Com uma rentabilidade de 10% a 15% pagando todos os impostos e despesas o retorno do investimento virá de 24 a 30 meses, garantindo a viabilidade do negócio”.
Fonte: ESHJ