Pesquisa da Serasa Experian mostra que 85% de todo o setor no país está nas mãos deles.
O empresário Dominique Guerin, dono de uma charmosa padaria ao estilo francês, no Rio de Janeiro, é um dos muitos empreendedores de pequeno e médio porte do setor de alimentos que dependem do mercado atacadista para a compra de produtos e insumos. Hoje, segundo pesquisa da Serasa Experian, 85% do varejo alimentar brasileiro está nas mãos dos pequenos. São, além de padarias como a Boulangerie Guerin, mini mercados, lanchonetes, restaurantes entre outros estabelecimentos.
A pesquisa é o primeiro raio X do varejo de alimentos e mostra que os micro empreendedores individuais estão cada vez mais presentes. Nilson Gomes, diretor do segmento de Atacado da Serasa Experian, afirma que 13% do total de empreendedores do varejo alimentício são classificados nessa categoria. São profissionais que trabalhavam antes na informalidade, faturam até R$ 60 mil por ano e até bem pouco tempo atrás não entravam na base de estudos de qualquer entidade ou associação.
“Vale dizer que esse número de micro empreendedores individuais só tende a crescer. O que mostra que a base de profissionais que vão entrar na formalidade com o tempo é muito grande”, destaca Gomes.
A pesquisa também mostra que 47% dos profissionais do varejo alimentício no país são pequenos empresários, com faturamento até R$ 360 mil, enquanto os pequenos negócios, com faturamento até R$ 3,6 milhões ao ano, respondem por 38% desse universo.
“Todo o contingente de empresários do varejo alimentício enquadrado como micro e pequenos compra do atacadista. O outro lado, 15%, são grandes varejistas, que negociam com a indústria”, destaca o diretor da Serasa Experian.
Dominique Guerin compra quase tudo que precisa para produzir artesanalmente seus produtos direto do atacado. Para ele, uma das vantagens é a facilidade de crédito. Mas reclama da falta de mão-de-obra especializada.
“Por aqui essa é a grande dificuldade. Na Europa já se preocupam em formar bem pessoas para trabalhos manuais. Mas por aqui isso ainda é incipiente”, diz.
Outro dado destacado por Gomes, da Serasa, é de que os pequenos resistem à chegada de grandes grupos supermercadistas que se voltam para o comércio de bairro.
E para tornar a gestão dos pequenos mais profissional, os atacadistas ajudam até no plano de gestão.
A parceria é devolvida em forma de resultados. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores (Abad), 70% do faturamento do setor que em 2012 foi de R$ 178, 5 bilhões vem dos micro e pequenos varejistas de alimentos. E os números podem ser melhorar.
“Com o crescimento das pequenas e médias cidades, o pequeno arejo cresce e, com ele, o setor atacadista. Por isso nosso trabalho de ajudar a melhorar a gestão esses profissionais”, diz
Segmento atacadista cresce 3,4% no semestre
O setor atacadista distribuidor cresceu 3,4% (deflacionado) no primeiro semestre de 2013 em comparação com o mesmo período de 2012, segundo levantamento, realizado pela Fundação Instituto de Administração (FIA) com empresas que representam 21% do faturamento do mercado. Os números foram apresentados na abertura da convenção anual do setor, em Fortaleza.
O dado é um indicador preliminar da evolução do setor ecorrobora o que aponta o Rankingda Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), que mostra que o crescimento de3,5% em 2013 deve se confirmar e até mesmo chegar a 5%.
“A expectativa do atacadista distribuidor está em linhacom o desempenho de setores ligados ao varejo alimentar. A economia vive um período de volatilidade, mas está se recuperando. Nossa previsão é de crescimento mais acentuado no segundo semestre”, diz José do Egito Frota Lopes Filho, presidente da Abad.
As projeções do segmento atacadista distribuidor de alta no faturamento levam em conta outros indicadores, como os recentemente divulgados pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que registram alta de 2,99% nas vendas reais no primeiro semestre de 2013, ante o mesmo período do ano passado. O otimismo vem também dos indicadores da Serasa Experian, que mostram uma evolução na atividade do comércio de 6,1% no que diz respeito ao varejo alimentar.
Além dos indicadores, os agentes de distribuição sentem os efeitos da desoneração de produtos essenciais, iniciada em abril e sancionada pelo governo em julho. Com a aquisição de produtos da indústria já desonerados, os preços para o varejista e, por tabela, para o consumidor devem continuar em baixa, favorecendo o controle da inflação.
“Preços reduzidos significam maior giro de estoque para as empresas e benefício para o consumidor final. Ao repassar a redução de preços para o varejo, prevemos que o aumento no volume de vendas compense a queda em valor, o que nos deixa otimistas em relação ao segundo semestre”, completa o presidente da Abad.
Fonte: Brasil Econômico