25/05/12
Na maior parte das vezes, as faltas dos colaboradores são sintomas de uma gestão de pessoas ruim. Geralmente, o líder não motiva a equipe e não reconhece os esforços pessoais
A máxima “o bem mais valioso de uma empresa são seus funcionários”, repetida por consultores especializados em recursos humanos, pode ser provada quando se percebe a falta que eles fazem. Diferentemente das abstenções comuns – por doença própria ou de parentes próximos, acidentes, e imprevistos, as faltas voluntárias representam perigo para as empresas, especialmente as de micro e pequeno porte, acostumadas com um quadro enxuto de funcionários.
De acordo com Luiz Edmundo Rosa, diretor de educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos Nacional – ABRH, a ausência de um funcionário pode representar um problema quando ultrapassa dez dias por ano. “Não existe abstenção zero. As pessoas tiram férias, licença, ficam doentes, precisam resolver questões pessoais importantes durante o período de trabalho. O que o empresário pode fazer é lidar com aquelas faltas passíveis de gerenciamento”, explica Rosa.
Segundo o executivo, as constantes faltas são sintomas de problemas maiores. E, se estão difundidas entre a equipe, podem indicar uma gestão de pessoas com pouca qualidade.
“Na maior parte dos casos, é um problema com a liderança, de gestores que sabem apenas dar ordens, não mantêm suas equipes motivadas e não reconhecem esforços”, afirma. Entre as características de um mau líder, Rosa elenca o controle exacerbado da rotina dos funcionários. “É aquele chefe que pergunta até o motivo de você levantar da cadeira”, diz. Designar trabalho sem a efetiva explicação de como fazer também é, segundo ele, outro comportamento típico desses gestores.
Para Cintia Cursino, diretora da Crossing BPI, Consultoria em Recursos Humanos, além do problema com o líder, é comum, no caso de faltas frequentes, que o motivo seja o colaborador achar que seu trabalho não faz sentido, não é importante para a organização.
Outra fonte de geração de abstenções exageradas é a falta de transparência da empresa. Principalmente em momentos de crise, algumas organizações optam pelo silêncio e, com isso, fomentam a “conversa de corredor”. “Com medo, as pessoas faltam. E, na maioria das vezes, isso acontece para já buscar outro emprego. O certo é a empresa ser transparente, pois nos momentos de crise precisa de toda a sua força de trabalho para se recuperar”, diz Cintia.
Luiz Edmundo Rosa cita ainda o pacote de benefícios e o salário pouco atraentes. Segundo ele, apesar de a qualidade de vida ser levada em conta, os colaboradores logo perdem o interesse em uma empresa que não os remunera de acordo com os valores praticados pelo mercado. “E eles não hesitam em mudar de empresa”, alerta.
Por isso, não é de se espantar que segunda-feira seja o dia em que os funcionários mais faltem. “Além de ser o dia clássico para buscar emprego, é também no fim de semana que costumam acontecer acidentes, como torções”, explica.
O que fazer para diminuir as abstenções
A solução para a maioria dos problemas que geram as faltas passam pelo diálogo. “O empresário tem de conversar com a pessoa que falta e, se o problema apontado for o líder, deve ouvir outras pessoas da equipe para a confirmação da situação e, então, falar com o próprio gestor”, aconselha Rosa. A partir disso, deve-se montar um programa de ação que restabeleça a valorização do quadro de funcionários e escolher uma liderança que, de fato, trabalhe em favor da equipe.
Quando quem tem pouca habilidade com a gestão de pessoas é o próprio dono do negócio, ele deve buscar aperfeiçoamento ou contratar quem saiba lidar melhor com o assunto. “O ideal é que, antes de abrir uma empresa, a pessoa já faça uma autoanálise para ver quais competências não estão bem desenvolvidas. A partir disso, pode procurar cursos e consultorias que lhe ajudem a desenvolver tais habilidades”, diz o executivo da ABRH-Nacional.
Cintia alerta ainda para a importância de uma revisão de cargos. De acordo com ela, muitos funcionários ficam desmotivados porque não fazem aquilo que gostam. “Contratar e demitir sai muito caro para o empregador. Se a pessoa se mostrar um profissional com potencial, vale a pena detectar o que ela faz de melhor e, então, alocá-la em uma função que esteja mais próxima das suas aspirações”, opina.
Fonte: Portal Terra